O eclipse da Lua adiantou os planos da Mãe Natureza e trocou as contas às futuras mamãs que, sem que nada o prevesse, desataram todas a ter bebés antes do tempo previsto.
Este fim-de-semana é de chuva intensa. E de bebés. Parece que das nuvens cai líquido amniótico e as gotas se transformam em pequenos seres que acabam de chegar ao mundo.
Tenho 3 amigas grávidas, ou melhor, à beira de explodirem, que sofreram este fenómeno. Duas já estão despachadas e, certamente, muito cansadas a esta hora com os seus rapazes aninhados a elas. Falta a Lígia, a caminho do terceiro filho, que ainda ontem foi parar ao Hospital, às 3 da manhã, alegando ter uma infecção urinária que, afinal, era já o pequeno Pedro a esticar-se, a bater à porta reclamando querer sair. Ainda não chegou a hora e a Lígia voltou para casa. Mas deve estar para muito breve. Destes dias não passa apesar de ainda faltarem algumas semanas para o fim da gestação.
Dias de chuva são chatos. Mas são bons para se nascer. "Dia molhado, nascimento abençoado" foi o que pensei quando a Ema nasceu num dia de Outubro.
Estou rodeada de vidas ansiosas pelo começo de vidas que estão prestes a iniciar a aventura de viver fora de um útero. E estou feliz como se todas estas crianças fossem minhas. Ansiosa como se fosse eu a dar à luz.
Acaba por ser inevitável viajar até ao passado e recordar o meu dia. A mesma sensação de espasmo quando ouvi "Esta criança vai nascer hoje" ainda que a data não fosse aquela. O riso de felicidade e nervosismo quando entrei no hospital. As instruções das enfermeiras, a sala de partos quentinha. O dia inteiro passado de mão dada ao meu marido. Ali. Os dois. À espera. O tempo contado ao ritmo do bater de coração apressado da nossa filha. A moca da epidural. Mais um toque. Mais um pontapé. O relógio e as horas a passar. A minha mãe a chorar de comoção. Os olhos azuis do obstetra.
"Doutor, acho que a anestesia está a passar, sinto um peso no fundo da barriga!"
"Ah pois sente, é a cabeça que aí vem!"
Cama transformada em marquesa. A equipa a entrar de rompante. Batas brancas e olhos postos naquele lugar em que eu pedia ao marido "por favor não olhes para ali!".
O CSI na tv (que a sala de partos era fina). O homem que matou a amante ficou turvo.
"O que é que eu faço agora?"- pergunto em pânico
"Olhe, não andou lá naqueles cursos de preparação da treta?"- pergunta o pediatra - "Então finja que aprendeu a respirar ou lá o que é!!!"
E eu solto uma gargalhada. E o peso volta á barriga mas, desta vez, em cima. Em cima de mim estão dois olhos muito abertos fixos em mim. Não percebo. Olho para o pai babado. E para a barriga que já não é grande mas que tem um bebé em cima. Como se estivesse do avesso.
" É a sua filha! Já cá está!" alguém diz.
E eu não choro. Eu não penso. Eu não sinto. Agarro-me à pequenina que não chora, porque sabe que aquela é a mãe, e cheiro-a. E beijo-a. E dou-lhe as boas vindas. E amo-a para sempre.
Naquele dia, já feito noite, chovia como hoje. Como ontem. São dias abençoados porque recebem vidas. E por estes dias chegaram bebés. Faltam o Pedro e o Bruno que dão sinais de quererem vir com a enxurrada.
E eu espero que o telefone toque. Que alguém chegue com as boas-novas. Pedindo para que tudo corra bem e que a hora não seja assim tão pequenina, como habitualmente se deseja, para que as mamãs tenham tempo de saborear a magia. O milagre da vida!
Entretanto, bem-vindo Martim!!! :)
5 comentários:
:) estou a anos luz de sentir e viver a maternidade mas começo a adorar ouvir essas histórias! ;)
Realmente, estou a ver que é mesmo uma chuva de bebés!
Que tudo corra bem, é o que desejo às tuas amigas!
Com que então a tua menina nasceu em Outubro?
Eu também nasci em Outubro! Um mês óptimo para se nascer! Só boas pessoas! Hi, hi, hi!!!
:)
Bjs!
Paula!
Não me digas que também és "escorpiona"!!! A Princesa veio a 26 :)
Eu vim a 4! Sou Balança, segundo dizem!
:)
Bjs!
A minha Francisca (sim, é minha... da minha amiga Paulinha - de Leiria, não da nossa Paulinha - e do meu amigo Carlos) também veio nesta chuvada de bébés..
... e é lindaaaaa!!!
:)
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