Para Núria

Viver é como conduzir.
Aliás, é mais como fazer um exame de condução.
Imagina: se estás numa recta, sem grande agitação, vais segura e dona da maior confiança do mundo. É o que acontece quando a vida nos corre bem. Tão bem que nem pensamos que alguma coisa de mal pode acontecer.
Mas acontece. E, sem mais nem menos, dás por ti num qualquer cruzamento sem placas a assinalar o caminho. Passas um sinal vermelho. Dás de caras com um sentido proibído e não fazes a mínima sobre o rumo a seguir.
Saberemos nós intuir o caminho certo? Fazer o pisca para o lado acertado?
Parar quando assim nos exigem ou quando a prudência assim o recomenda?

Para onde seguir? Para onde nos virarmos quando damos com um beco sem saída?

A estrada, minha amiga, é como a vida.

Nem sempre clara, nem sempre certa e às vezes, muitas mais do que gostaríamos, ficamos perdidas numa avenida caótica.

O meu conselho: sintoniza o rádio e apanha uma canção bem calminha. Fecha os olhos e cria um mapa imaginário. Aquele que te levará ao teu destino.

Mesmo que deixes o carro ir abaixo. Mesmo que te fure um pneu. Mesmo que o radiador desate a espirrar vapor... não desistas.

Uma estrada morre sempre noutra estrada, por isso, acabamos sempre por chegar a algum lado. E talvez bem melhor, bem mais bonito do que o da rota inicial.

E depois lembra-te que existem sempre auto-estradas. Se sentires que o caminho não é esse, podes sempre sair no próximo troço, voltar atrás ou partires para uma nova aventura.