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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Feliz Natal Avô!

Das recordações mais felizes que tenho do Natal foi de um, não celebrado há muitos anos, na companhia dos meus avós maternos. Estava eu a trabalhar no Algarve e, como recém-chegada que era, empandeiraram-me logo o dia 25 de Dezembro para editar os noticiários regionais. A família, toda lisboeta, lá rumou a Sul para fazermos o nosso primeiro Natal fora da casa de um de nós, e alugou uma simpática vivenda para a Consoada.

Daquele dia, lembro-me da chuva. Torrencial. Do cheiro a lenha queimada vindo da lareira. Da imagem de uma pequena mas muito digna árvore de Natal comprada à pressa, enfeitada com a tralha do costume e com as notas, muitas notas que o meu avô fazia questão de pendurar todos os anos.

Foi talvez um dos Natais mais bonitos de sempre. Poucos mas mais unidos que nunca, num aldeamento deserto que nos obrigava ao convívio genuíno. Muitas anedotas, risota, batota nas cartas. Acho que estávamos todos felizes...

A chuva era tanta que o meu avô, ao sair do carro, carregado com um tabuleiro de sonhos e rabanadas, molhou os sapatos. Pingavam. Para os secar, a mãe meteu-os junto à lareira e, no dia seguinte, lá estavam eles, com nova forma, arredondados nas pontas, qual sapatinho de Aladino, de tão secos que estavam. Acreditem ou não mas, e apesar de o avô não ter outro par, foi uma risota! Fomos comprar-lhe outros. E novo "acidente" se dá quando o avô, ao tentar domar um guarda-chuva desafiado pelo vento, bate com o nariz na porta do carro. Sangue. E nova risota ao olhar para a batata que deu lugar ao nariz. A comparar o avô ao D.Quixote e seus moínhos de vento.

Hoje o avô já não está conosco. Há 5 Natais que assim é. Mas todas as noites do dia 24, o núcleo volta a juntar-se, agora com novos membros que ele nunca chegou a conhecer, e recorda o último Natal que ele passou conosco. O Natal mais feliz.

Em sua memória, continuamos a encher a árvore de notas. Como ele faria... E sorrimos porque sabemos que ele se deve estar a rir, com aquele jeito tão dele, num qualquer lugar.

Feliz Natal Avô Nino!

Tua, para sempre,
"Pariga"

3 comentários:

Rusty disse...

Gostei muito e imagino que tenhas escrito com um aperto no coração, também passo por essa experiência e tento me refugiar nas boas recordações para não chorar de tantas saudades que sinto do homem que Amei e continuo amar. Pronto não digo mais se não começo eu a chorar.

Bom, desejo um Feliz 2008 cheio de muito sucesso e muito amor, rodeada da tua fantástica familia que tanto adoras:)

Um beijinho
Rusty:)

A Mãe disse...

Obrigada Rusty pelas tuas palavras. É bom sentir que as nossas provocam alguma comoção nos outros. Mas o Natal é isto mesmo. É família. Estar rodeado de quem se ama e que nos ama...fisicamente ou em espírito.
Um bom ano para ti também :)

Joaninha a voar disse...

Que amor
Tocou-me muito
Ele anda por cá a ver de ti