"... Pai, continua a ser o nosso pai. Faz com que a nossa vida seja o sinal de outra vida. Ajuda-nos a aceitar, na incerteza destes dias que parecendo ser tudo nada são, o que chega e o que vai. Não nos deixes desesperar mais do que o necessário para continuarmos despertos e para que depois possamos descansar na tua paz.
Continua a mostrar-te sem nunca te vermos porque não somos dignos da tua presença e enorme é a nossa aflição. Fizeste-nos à tua imagem e sem ti enlouquecemos. Quiseste que só te encontrássemos com a Alma e perdemo-nos com os olhos da distracção.
Acompanha o meu filho e os filhos de todos os outros, por mais que se percam que te possam de novo encontrar. Perdoa-nos as palavras injustas, a insensatez dos nossos actos, a grande ignorância que se esconde na nossa vaidade. Ajuda-nos a ser fiéis ao que prometemos, assusta-nos quando levianamente trocamos o que importa pelo que não tem importância, castiga-nos quando julgamos que sozinhos conseguimos fazer o que quer que seja."
Pedro Paixão "Viver todos os dias cansa" (1997)
Pois como disse, esta é a Oração que eu gostaria de ter escrito mas, infelizmente, não tenho a sensibilidade, o dom da escrita nem a maturidade do Pedro Paixão que é um dos meus escritores favoritos que tive a sorte de descobrir durante a vida académica.
Este é, para mim, um dos textos mais bonitos e inteligentes que já escreveu. Lembro-me dele em muitas alturas da minha vida, como hoje, que resolvi fazer minha a Oração do Pedro em jeito de voto ao novo ano que se aproxima.
A todos os que me lêem, FELIZ 2008. Que seja um ano de LUZ para todos! E não se esqueçam: É provável que coisas improváveis aconteçam, por isso, desejem tudo o que o coração pede quando soarem as 12 badaladas!
Mammy Lesas (neste que será provavelmente o último post do ano... ou não?)