Confesso que estava com pouca disponibilidade mental quando peguei no livro da Conceição mas, poucas páginas depois, já estava completamente rendida ao ambiente das Urgências do Santa Maria e, sobretudo, à escrita desta minha colega com a qual nunca havia trocado uma palavra.
Hoje tive a oportunidade de passar uma manhã com ela e descobri uma pessoa maravilhosa. Sensível. Humilde. Atenta à realidade mas acima de tudo às pessoas.
A Conceição é jornalista e contou-me que este livro, o Serviço de Urgência, nasceu logo após a emissão de uma reportagem que fez, no mesmo hospital. Chamava-se "No Fio da Navalha" e foi distinguida pela AMI - Jornalismo contra a Indiferença. Mas é difícil contar tudo em 15 minutos de antena, por isso, a Conceição passou 3 anos no Hospital a recolher o que agora, tão habil e sabiamente, nos apresenta em livro.
"De banco" como médicos, enfermeiros e auxiliares, ela viveu o drama das Urgências do mais populoso hospital do país. Por ali viu passar todo o género de pessoas, toda a espécie de doenças. Foi ali que viu outros salvarem vidas. Foi ali que viu a morte levar alguém. Pelo meio conheceu muita gente. Rostos que nós só podemos imaginar. Olhos que ela viu e que a ela se abriram para contar a sua sorte. Cancro, Alzheimer, acidentes rodoviários, doenças raras.
A Conceição tem o dom de nos contar estas histórias de uma forma (para mim) surpreendente. Acho que escreveu este livro com o coração. Quebrou todas as barreiras ( que supostamente alguns jornalistas têm) e quis viver estas histórias. Não teve medo de se envolver. De abraçar o sofrimento alheio. De dignificar cada caso e, quem sabe, de mudar a vida de alguém como a da D. Irene e da filha Páscoa, recém-transplantada de um rim.
É uma lição de vida. Dá que pensar. Poderia ser qualquer um de nós a estar ali, naquelas páginas, naquele Serviço de Urgência.
Afinal, Conceição, somos todos tão frágeis, não é?
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Bem hajas Conceição!
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