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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Orgulhosamente baleia!

Em vésperas de fim-de-semana, costumo ser invadida por estes mails que apelam à boa disposição. Depois de ler este, não resisti. SOU BALEIA! E vocês meninas?

"Há uns dias, numa cidade de França, um cartaz, com uma jovem espectacular, na montra de um ginásio, dizia: "ESTE VERÃO, QUERES SER SEREIA OU BALEIA?"

Dizem que uma mulher jovem-madura, cujas características físicas não interessam, respondeu à pergunta publicitária nestes termos:

"Estimados Senhores: As baleias estão sempre rodeadas de amigos (golfinhos, leões-marinhos, humanos curiosos). Têm uma vida sexual muito activa, engravidam e têm baleiazinhas ternurentas, às quais amamentam. Divertem-se à brava com os golfinhos, enchendo a barriga de camarões. Brincam e nadam, sulcando os mares, conhecendo lugares tão maravilhosos como a Patagónia, o mar de Barens ou os recifes de coral da Polinésia.

As baleias cantam muito bem e até gravam CD's. São impressionantes e practicamente não têm outros predadores além dos humanos. São queridas, defendidas e admiradas por quase toda a gente.

As sereias não existem. E, se existissem, fariam fila nas consultas dos psicanalistas, porque teríam um grave problema de personalidade, "mulher ou peixe?". Não têm vida sexual, porque matam os homens que delas se aproximam, além disso, por onde? Por isso, também não têm filhos. São bonitas, é verdade, mas solitárias e tristes.

Além disso, quem quereria aproximar-se de uma rapariga que cheira a peixaria? Para mim está claro, quero ser baleia.

P.S.: Nesta época em que os meios de comunicação nos metem na cabeça a ideia de que apenas as magras são bonitas, prefiro disfrutar de um gelado com os meus filhos, de um bom jantar com um homem que me faça vibrar, de um café e bolos com os meus amigos.

Com o tempo ganhamos peso, porque ao acumular tanta informação na cabeça, quando já não cabe, espalha-se pelo resto do corpo, por isso não estamos gordas, somos tremendamente cultas. A partir de hoje, quando vir o meu rabo no espelhos, pensarei, Meu Deus, que inteligente que sou..."

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Notícias do passado

Encontrávamo-nos sempre no Verão. Quando as aulas acabavam e os pais ainda trabalhavam. Cheirava a mar, a aventura, a dias longe de casa, a trocas de roupa para os jantares na cantina de bancos corridos. Fazíamos as malas com dias de antecedência. Porque era grande a vontade de partir e muita a pressa de chegar. Pelo meio trocavam-se cartas com planos sobre certas coisas. Acontecimentos. Rapazes. Sonhos e ideias.
E então chegava o dia. Aquela manhã, quase de madrugada, em que nos reencontrávamos ao fim de um ano de correspondência, onde os corpos se apertavam para esmagar a saudade e a ausência. Tínhamos crescido. Mas continuávamos na mesma. Talvez crescêssemos juntos. À distância. Todos nós que ano após ano, religiosamente, marcávamos férias de pais, na mesma quinzena, para continuar a viver a ilusão de continuar o que o ano anterior tinha deixado por resolver.
Depois crescemos mais. Acabaram-se os campos de férias a centenas de quilómetros de distância de casa. As cartas escassearam e, um dia, deixaram de existir. Perderam-se rastros. Cada um seguiu o seu caminho, noutos lugares, com outras pessoas, noutros Verões. Guardei as cartas numa caixa. O livro de moradas. O das dedicatórias. As fotografias.

Passei para o Alentejo. Nas tardes quentes de Agosto encontei uma companheira de novas aventuras. Roubávamos melancias que comíamos, quentes, à sobra de uma casa caiada de branco. Bebíamos água fresca do poço do jardim à noite. Marcávamos encontros com namoricos que surgiam nas danças de bailes de aldeia. Fumámos os primeiros cigarros. Tossimos. Voltámos a repetir até parecermos senhoras a sério.

Um dia crescemos. Outra vez. E a vida mandou-a para outra cidade, já não ía a casa nas férias. E eu não quis voltar sozinha ao lugar onde fui tão feliz... :)

Na semana passada, a vida fez-me reencontrar a L. e a S. Por um feliz acaso.
A menina loirinha e gordinha das cartas é hoje uma linda mulher, orgulhosamente grávida, com o mesmo olhar de menina. É feliz. Percebe-se.
A menina franzina, pele morena e cabelo curto, ainda vive na cidade para onde partiu à tantos anos. Continua igual a si mesma. Sorriso travesso. Estouvada mas adorada.

Abri as caixas do meu passado. Que bom! Hoje têm cheiro a presente! E mais: como acasos destes são uma benção, reencontros com mais de 20 anos, sei que daqui se fará futuro.
Hoje estou feliz...