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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Hoje é o dia de alguns (mas)

Parabéns às bruxas! Hoje é o vosso dia!!!
Aos restantes...Feliz Halloween! :)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pensamento do dia

"O bem é aquilo que dá maior realidade aos seres e às coisas; o mal é aquilo que disso nos priva"
Simone Weil

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O espelho de nós?

Com a ansiedade de sempre, lá fui ontem até ao Teatro Camões para assistir a mais duas criações feitas especificamente para a Companhia Nacional de Bailado... Já aqui confessei a minha paixão incondicional pela dança e é sempre com muita alegria que entro naquela sala de espectáculos.
Como sempre, não esperei nenhuma históriazinha tradicional que a dança clássica nos habituou. Entro com a expectativa de voltar a maravilhar-me com a plasticidade dos corpos, com a capacidade comunicacional que a dança contemporânea encontrou para fazer sentido. Para mim, na minha cabeça, nos sentimentos que me transmite, sempre foi clara e perceptível... Comove-me tanto como um romance à moda antiga, dançado em pontas...Ou até mais. Definitivamente mais.
Mas ontem algo estranho aconteceu. Ontem as duas coreografias mais soaram a murros no estômago. Explico: a dança também é uma representação. Mais do que um simples momento de entertenimento, os corpos transmitem mensagens, contam-se histórias com movimentos. O olhar do coreógrafo é, nesse sentido, um olhar sobre o mundo, sobre o que nos rodeia, sobre o que somos. E a verdade é que, dada a conjuntura actual, a todos os níveis, o ser humano não se afigura como um ser belo. Logo, a criação, enquanto reflexo e reflexão da realidade, também não o pode ser. Não se quisermos passar uma mensagem fiel do estado das coisas.
Ontem dei por mim a sentir um imenso incómodo. Porque vi aquilo que alguns já são, no que muitos ainda se tornarão e eu, provavelmente, não serei excepção. Poque não há espaço. A primeira coreografia pos-me a pensar nesta terrivel falta de comunicação que existe entre as pessoas. Por medo de muita coisa afastamo-nos uns dos outros. Erguemos barreiras, criamos fossos, muralhas de betão que ricocheteiam qualquer coisa que venha de fora. O toque... as pessoas cada vez mais têm medo de se tocarem. Por não gostarem da intimidade, da proximidade que uma mão noutra mão ou num ombro sugere. Há fobias, manias e gente que, apenas, sente asco no calor de outrém.
Cercamo-nos de tantas armas que, nos momentos de necessidade, não sabemos. Como tocar, o que dizer, chegar perto de alguém. As mãos tremem, regressam aos bolsos sem tocarem no outro. As palavras morrem na garganta, desfazem-se com a impulsividade ridícula de quem, após um vislumbre de fraqueza, se recolhe na violência do gesto, no olhar fechado.
Trememos como seres esquizofrenicamente emocionais que somos. Fugimos. De quê? Do quê? De quem? Eu acho que a resposta se resume à fuga da humanidade. Cada vez mais as pessoas se divorciam do lado emocional que nos distingue dos restantes animais... A razão pode produzir monstros...Sei que houve alguém que já o afirmou. E eu começo a concordar.
Refeita do choque da primeira coreografia, lá vem mais outra. Se a anterior deixava o jogo da interpretação ao critério de cada um, a mim, como viram, provocou-me coisas horríveis, a segunda era, assumidamente, uma reflexão sobre a individualidade e o grupo. Rui Horta perguntava se será mesmo possível vivermos em grupo com todas as idiossincracias que cada um tem. Não dá resposta. O meu olhar de espectadora, de quem completa o sentido da obra no escuro da plateia, lugar onde o espectáculo se efectiva, encontrou-a. E mais uma vez fiquei a sofrer.
Um grupo de pessoas, a "massa", os anónimos da vida. Todos caminhando para o mesmo lado, todos bombardeados com os deveres, as normas, as regras da vida social. Canalizados para os mesmos assuntos, como traças à volta da luz. Rebanhos de gente. E quando um se "tresmalha" e confessa que apenas quer ser músico?
A massa puxa, a massa engole, a massa aniquila. A verdade é que ninguém rema contra a maré. E se o faz...um dia também se cansa. E a segurança... quem não a quer? Seremos então livres de sermos quem somos ou queremos ser?
Bem... acho que ainda estou demasiado perturbada e a digerir o lado feio do Homem. Somos isto. Tornámo-nos isto. Todos somos culpados. Uns não querem saber, outros nem pensam, outros sofrem... E outros dizem o indizível através dos corpos que dançam esta vida tão...sem sentido.
Quem quiser que assista. Gostava muito que depois me dessem as vossas opiniões. :)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Silêncio por favor!

"Quem sabe de tudo não fale,
Quem não sabe nada se cale,
Se for preciso eu repito!
Porque hoje eu vou fazer,
ao meu jeito eu vou fazer...
Um Samba sobre o Infinito..."

Mariza Monte

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O que eu não sabia sobre o High School Musical

Na semana passada fui convidada a voar até Madrid para a apresentação do High School Musical 3, o último filme da "trilogia" infanto-juvenil que, ao que parece, tem apaixonado meninas e meninos por esse mundo fora.


Não é segredo para ninguém que, desde que fui mãe, a minha cultura cinematográfica ficou pelas ruas da amargura e que, a existir alguma espécie de vida neste campo, ela resume-se à leitura de sinopses, visionamento de trailers, aluguer de DVD´s com alguns meses de prateleiras no Blockbuster e, de quando em vez, a uma ida ao cinema ver a coisa mais leve que esteja em cartaz porque costumo estar demasiado cansada para pensar no escuro...


Por isso, assim que chego à capital de "nuestros hermanos" mais parecia que tinha aterrado em Hollywood tal era o aparato à porta do hotel onde nós, jornalistas, actores e staff da Disney estávamos instalados. Miúdas munidas de blocos, algumas vestidas com as cores do filme (branco e encarnado), putos com um "piquinho a azedo" (pensei eu) ansiosos por ver não sei se as babes ou os boys do filme...

Ok... isto já passa, pensei eu. Mas foi só chegar à Gran Vía, onde o filme foi exibido, para perceber que o pesadelo mal tinha começado. Ele era trânsito condicionado, cordões policiais na estrada tentando controlar os fãs em histeria, novamente os blocos no ar à espera de um autógrafo, os flashes, os uivos ninfomaníacos das meninas que pediam beijos aos rapazes, uma passadeira vermelha que não se conseguia ver tal era o mar de gente!



Findo o desfile de estrelas, sempre com ar feliz, com a frescura dos vinte aninhos acabados de fazer, dos vestidinhos curtos e do piscar de olho a um ou outro fã, eis que era chegado o momento de ver então o filme. Aquele que contava o final do ensino secundário. Do rapaz da equipa de basket, que depois de se apaixonar pela menina pobrezinha mas muito inteligente, descobre que, afinal, até gosta de fazer teatro. Tanto que equaciona a hipótese de o fazer depois do baile de finalistas...

Agora imaginem a cena: um cinema a apinhar, pom-pons com fitinhas a fazer pendant com as cores do produto, baldes gigantes de pipocas irritantes, milhões de criancinhas e adolescentes novamente em transe quando os actores subiram ao palco para cumprimentar o povo. Jornalistas humildemente sentados na escadaria do cinema.


Eu de boca aberta. Estupefacta sempre que ouvia, a meio do filme, alguém berrar "GUAPOOOOO!!!" ou tudo a aplaudir sempre que o casalinho dava um beijo. Surreal. Acho que foi a melhor palavra que encontrei para descrever a coisa. Se bem que agora, à medida em que vou escrevendo, também ache que "hilariante" se encaixa bem...

E assim descobri eu que estava perante um grande êxito sem o saber e que, no dia seguinte, iria entrevistar estas mini-stars. Foi giro! Foi estranho... Mas mais estranho ainda é pensar que, tal como aqueles pais ali estavam com as filhas, um dia também eu sairei na rifa... :)


Aqui vos deixo algumas fotos tiradas por um colega, o João Tomé.
Beijinhos a todos os que viveram esta aventura :)